sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Pó. é o que nos tornaremos. imagino o teu corpo desfeito em mil e umas partículas cobertas de fases (ina)cabadas da tua própria existência; o teu cheiro que se desterra em suspiros lacrimosos e em coincidências penetrantes ao objecto auditivo que me completa; a tua pele raspada fenomenalmente entre as paredes habitadas; as tuas sílabas anteriormente cuspidas, agora comentadas e recriadas pelo rasgo alheio; vejo agora o teu lugar para sempre marcado e a tua eterna morada nos restos do meu corpo. Pergunto onde se encontra agora a tua essência daquilo que te corria nas artérias, algo mais do que sangue, mas vida e sobretudo o cansaço de uma vida lutada e ganha. Quem relembrará o teu nome sem ser quem cresceu sob o teu olhar crítico e persuasivo? Os que mais te acompanharam igualam o teu caminho anteriormente ou brevemente. Que sei eu do que digo? Sei daquilo que sinto e daquilo que da qual a saudade se corrompe; sei do que foste por testemunhos anónimos ao teu conhecimento. Toquei no membro superior ao qual exercias responsabilidade e ocorreram-me...pena. Pena de não ter dado mais do pouco e nada daquilo que me responsabilizei após o meu nascimento a dar, fazer e cumprir. Dei pouco, mas sempre de coração aberto e agora, choro sozinha pela tua falta.  Vejo o teu ermo terrestre e a face molha-se, tal como a tua voz, molhada, quente, suave, eterna.

Nenhum comentário: